sexta-feira, 4 de julho de 2014

Tenho que fazer tudo sozinho?


Sábado, dia 28/06, eu estava assistindo ao jogo Brasil e Chile pelas oitavas de final da Copa do Mundo de 2014 e uma situação ficou evidente durante a partida e após as análises dos "especialistas": a seleção brasileira é dependente de Neymar, ou seja, quando o camisa 10 joga bem, o time vai bem, porém quando o jogador do Barcelona não está em um dia inspirado, a seleção apresenta muitas dificuldades. É a chamada "neymardependência".

Esperar que apenas um jogador resolva todas as partidas sozinho é um erro que os gurus de investimento sempre alertam com a famosa frase "nunca colocar todos os ovos na mesma cesta". O perigo de colocar todo o dinheiro em um único investimento é o mesmo que apostar em Neymar todos os jogos, se a cesta cair, você perde todos os ovos.

A lição aprendida com o jogo do Brasil é diversificar a responsabilidade. Em outras palavras, dividir o trabalho. Porém, a divisão do trabalho é uma filosofia que vai muito além do fato de pegar uma tarefa e dividir entre duas ou mais pessoas. A concorrência, promovida pela abertura de mercado do liberalismo, é uma forma de divisão do trabalho assim como a regra dos ovos na cesta tão primordial no mundo dos investimentos.

Dividir tarefas aumenta a produtividade porque cada parte se especializa em executar uma única ação e com isso a fará cada vez mais rápido e sem erros. Porém, dividir tarefas também é uma forma de minimizar os riscos. Imaginem que toda a produção brasileira de feijão fosse controlada por apenas uma pessoa e em um só local. Se essa pessoa morresse, ou ocorresse algum tipo de problema com a produção, toda a nação ficaria desabastecida desse produto. Portanto, quanto mais produtores de feijão estiverem produzindo, menor será o risco de escassez desse produto.

Outro ganho muito importante da divisão de tarefas é a redução da porosidade. Porosidade é o tempo de latência de um funcionário ao trocar de tarefa. Ou seja, quando um funcionário troca de tarefa, ele espreguiça-se, conversa com o colega e respira fundo. Todo o tempo perdido com tais atividades reduz a produtividade. Fato que ocorre em menos escala com tarefas divididas.

Pensem no Neymar. Se ele está jogando no meio campo porque a equipe não tem alguém para levar a bola até ele no ataque, ele mesmo precisa conduzir por todo o espaço entre o meio de campo e a área adversária. Com isso há perda de tempo e energia por parte do atleta. Fato que não ocorreria se houvesse outro jogador qualificado para trabalhar as jogadas junto com o Neymar.

A divisão de tarefas, de trabalho e de produção torna a sociedade menos vulnerável e independente. Na verdade, tudo é apenas uma aplicação da famosa e onipresente lei da oferta e demanda. Quanto mais a oferta de tarefas, de trabalho e de produção aumentam, menor será o "preço de vulnerabilidade" da sociedade.

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